domingo, 19 de julho de 2009

Günther Anders


Na verdade Günther Stern, judeu alemão exilado por anos no Estados Unidos, retornando à Europa em 1950, recusou a oferta de voltar a dar aulas na Universidade alemã, das tantas que o filósofo Ernst Bloch lhe fez. Horrorizado com o destino que os nazistas deram aos seus durante a Segunda Guerra Mundial, não se sentia mais à vontade em percorrer as mesmas ruas e locais de estudo da sua época quando era admirador da filosofia de Edmund Hüsserl e freqüentador dos seminários de Martin Heidegger. Fixou-se em Viena. Teórico ambientalista, irrequieto, escritor prodigioso, adotando a bandeira do não-conformismo e do pacifismo, com o avançar da idade, seguindo uma vertente mais extremada da Escola de Frankfurt, revelou-se cada vez mais radical nas suas proposições no afã em deter o mundo da técnica e do consumismo.
Günter Anders morreu na mais extrema miséria na Italia, Viena. Num apartamento minúsculo sem condições de vida.

Aula - Günther Anders - 05


O ANTIQUISMO DO HOMEM
Günther Anders lida com entornos, ambientes.
Cultura midiática, que tipo de ambientes ela cria. Como o piloto – Claude Eatherly mostrou-se arrependido por matar 200.000 pessoas. E com seu arrependimento foi tido como doente. Recebendo tratamento psiquiátrico.
Günther escreve cartas a ele (livro "Mas allá de los limites de la conciencia").
Tecnificação da existência. Transformação da nossa existência em existência como se fossemos aparatos tecnológicos.

Aula - Günther Anders - 04


Não existe nenhum jogo puro.
O midiático hoje exige NAO_MEDO, NAO_CAUTELA. Diante da internet, diante dos novos meios “não-medo”. O medo original é sempre o medo da morte. O Camaleão – faz o jogo da mentira. A mentira dos animais. Camuflagem natural.
Comportamento imagético.
A era da imagem de culto foi muito opressiva: ocidente, cristianismo e fogueira. Na presença do indivíduo nessas épocas, ainda existia a noção de "quem sou eu", eu sou mais eu, enfim, Estado, Rei, Príncipe...

Aula - Günther Anders - 03

Anders – Matéria prima para produção de imagens. A base para reflexão. Midiático, Pross começa a discutir o assunto, Anders continua e se aprofunda .
A Rejeição da morte – existe um testemunho, comprovação de quão geral o sentimento de desvantagem dessa moléstia da unicidade é hoje. Esta comprovação é a dependência das imagens é a iconomania, mania das imagens, icones. Esta independência, representa um fenômeno novo na história da humanidade e que todas as outras dependências foram deixadas para trás, diante disso, é indiscutível. Trata-se de um fenômeno chave, uma nova expressão tem que se tornar visível. Desde que se trate de um conceito de amplitude filosófica, por isso colocamos o termo iconomania.
Nós não nos bastamos, precisamos de inúmeras duplicações. Ícones.
A produção de imagem esvazia o mundo ao ponto de não acreditar mais no espelho.
A rejeição da morte é conseqüência da iconomania. A imagem nao morre. O que não é o desejo de viver, mas de não morrer.

Aula - Günther Anders - 02

Linguagem da compaixão, elementos de uma ética do humano.
O QUE É O FUNCIONÁRIO - pensado em termos de era midiática é perfeito. Anders fala que é reproduzido em série, se eu não faço, existe do mesmo jeito. Greve, paramos e não se faz mais nada. Hoje como tudo é feito em série, se entrar em greve, um aparelho faz sem você. O homem se torna um mal desnecessário. O funcionario é sempre facilmente substituído. A gente só pode fazer o que o aparelho quer, aparelho = ambiente.
Na revolução industrial vieram as máquinas e botões, depois os equipamentos preparados para a burrice na terceira revolução industrial. A criança hoje não tem medo de apertar os botões, mas o adulto nada consegue. Sempre agindo com superioridade com a máquina, e agora o aparelho sabe muito mais do que ele. Nasce aí o conceito de aparelho, não é só um artefato, mas um ambiente.

APARELHOS E FUNCIONÁRIOS - Os aparelhos nos transformam em funcionários.
O aparelho não é só a bomba, a tecnologia... mas sim "a maquina de guerra".
Funcionario é: funcionar em função do aparelho, nunca é sujeito de nada. Claude Eatherly era lúcido e sofreu um ataque midiático. Gunther foi porta-voz das vítimas de Hiroshima. E conduzia as cartas das vítimas ao piloto. “Na guerra a maioria das notícias é falsa” livro DA GUERRA de von Clausewitz. A partir da Guerra Fria a guerra passou a ser midiática.
Cultura midiática e a guerra – operação de conquistas de espaços.
A comunicação sempre foi uma ciência à serviço da guerra, Pross diz isso, a maioria das noticias é falsa.

Aula - Günther Anders - 01


A Criatividade Juvenil. Ousadia, falta de medo, certa leviandade, leveza em lidar com as coisas. Brincadeiras. Exemplo: Os macacos norte-americanos que destruíram os milharais para comer, estavam tirando os fazendeiros do sério. Um fazendeiro espalhou serpentes de borracha pelo milharal, eles se afastaram imediatamente, até que um pequenino macaco resolveu brincar com uma serpente e viu nada aconteceu, todos voltaram.
Tudo graças à brincadeira do filhotinho.
Günther Anders - Analfabetismo do medo. Exemplo: O macaquinho era analfabeto no “medo de serpentes”. São os limites entre medo e ousadia.
Quanto mais medo mais timidez, mais bloqueio.
Por que criamos essa iconomania, por que não sabemos lidar com o próprio medo e buscamos soluções paleativas, imagens, e, dependemos dessas imagens. O homem é menos que ele próprio – vivemos na era da incapacidade para o medo, alto estima muito lesada, e por isso não conseguimos lidar com o próprio medo. Terror. Sentir medo diante de uma epidemia de gripe.
Medo é o sentido do alerta, perigo. Que nasce da nossa consciência de mortalidade. Consciência de limites. Cancelar o medo – sentido de alerta para o próprio apocalipse e para não ver a catástrofe. O que gera fobia por conta da repetição e ritmização exacerbada.

A exemplo disso temos duas figuras míticas, uma em cada ponta: CRONOS, também conhecido como SATURNOS, bélico, medo. Do outro lado: PUER AETERNUS significa criança, menino o eterno. Também conhecido como Júpiter. Um bom exemplo desse congelamento de imagem, seria Ayrton Senna. Todos nós podemos criar avatares, fetiches para ser o que não se tem coragem para fazer na vida real.

Prof. Dr. Norval Baitello Junior

Concluiu Doutorado em Comunicação na Freie Universität Berlin em 1987. Atualmente é Quadro de Carreira - categoria Titular - da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Foi Diretor da Faculdade de Comunicação e Filosofia da PUC-SP. Desde 2007 é coordenador da área de Comunicação e Ciências da Informação (CHS II) da FAPESP. Ministrou a disciplina: DEF - Teorias Culturalisticas da Comunicação, onde aprendi sobre Günther Anders, nos próximos posts, algumas anotações sobre essas aulas.

Okada Emiko

Foto: Hiroshi.

Young Leaders Brasil, nossas guias e a amada palestrante sobrevivente da bomba, Emiko.

Dichans de Hiroshima

http://www.youtube.com/watch?v=I3LzB8SwgYY
Foto e tradução da conversa: Adriana

Esses queridos vovôs sobreviventes nos deram uma aula de respeito, amor, esperança e vida. Esse da esquerda com quem estou abraçada, contou que a vida toda foi ignorado, que eles tem documentação especial e que por causa das quelóides, ainda hoje, são destratados. Como podem ver ele tem uma luva grande de lã em uma das maos, que é bem deformada por causa da radiação. Nem preciso falar que depois enchemos todos de abraços e beijinhos brasileiros.

Harry Truman, o presidente.


O presidente que autorizou o bombardeio de Hiroshima. Günther Anders relembra as declarações de Truman. Em seu diário escreveu: “disse ao secretário da Guerra, o Sr. Stimson, para a usar (a bomba) de maneira que objetivos militares, soldados e marinheiros sejam os alvos e não mulheres e crianças (…) Ele e eu estamos de acordo. O alvo será puramente militar.” Mesmo sabendo que as bombas iriam destruir cidades, atingindo civis, hospitais, escolas e não apenas alvos militares. Ele pensava estar poupando vidas humanas (“americanas e japonesas”, escreveu no seu diário).

Coronel Paul Tibbets

A tripulação do Enola Gay não apresentou quadro psiquiátrico. Eles tiveram a responsabilidade do lançamento da bomba e puderam contemplar, o cogumelo atômico e não desenvolveram quadros de stress pós-traumático. Dizia que limitou-se a cumprir o seu dever.
E até batizou o avião com o nome da sua mãe e a bomba com o de Little Boy.
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01/11/2007
Morre piloto dos EUA que jogou bomba de Hiroshima
Reuters/Brasil Online

CHICAGO (Reuters) - Paul Tibbets, o piloto do avião norte-americano que jogou a primeira bomba atômica sobre o Japão, em 6 de agosto de 1945, morreu nesta quinta-feira aos 92 anos, informou um jornal. Tibbets, que morreu em sua casa em Columbus, Ohio, sofreu derrames e estava sofrendo de insuficiência cardíaca, afirmou a edição online do Columbus Dispatch.
Piloto experiente que voou sobre a Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, Tibbets era um coronel de 30 anos no comando do Enola Gay, um super B-29 que recebeu o nome por causa da mãe dele. Depois de um vôo de seis horas rumo ao Japão, a tripulação de Tibbets despejou a bomba. "A cidade que vimos tão claramente à luz do sol alguns minutos antes era agora uma feia mancha. Ela tinha desaparecido completamente sob esse terrível cobertor de fumaça e fogo."
A bomba matou instantaneamente cerca de 78 mil pessoas. Até o fim de 1945 o número de mortos chegou a 140 mil em uma população estimada em 350.000.
Tibbets disse em entrevista que não se arrependia da decisão de jogar a bomba. Ele se tornou general de brigada antes de deixar o corpo militar, em 1966.
(Texto de Andrew Stern)

Günther Anders, mais que um correspondente, um amigo.


Günther Anders e sua esposa, a pensadora alemã Hanna Arendt

É na década de 50 que o percurso de Eatherly passa a ser conhecido mundialmente, e a sua história vem despertar o interesse do filósofo alemão Günther Anders.
Ambos mantem uma correspondências regulares durante vários anos consecutivos, Anders, teve a capacidade de intuir a significação ética e política do caso de Eatherly, vê a sua figura trágica como o símbolo da nova situação moral em que foi colocado após o desenvolvimento tecnológico das armas nucleares.
“A guerra atingiu certo caráter espectral, pois os inimigos já não entram em confronto direto, e a magnitude dos efeitos da nossa ação excede em muito as nossas faculdades psíquicas, em particular, a nossa imaginação. O que realmente podemos fazer, é maior do que podemos imaginar; podemos produzir coisas que ultrapassam a capacidade de reprodução da nossa imaginação”. Trecho de uma de suas cartas.
A doença de Eatherly era uma prova da sua sensibilidade moral, da sua capacidade para manter viva a sua consciência apesar de ter sido uma simples peça da indústria bélica.
Eatherly exprime isto com nitidez em uma das suas cartas: “Tenho a impressão de que na cadeia senti-me sempre mais feliz, o castigo permitia expiar a minha culpa”.

Straight Flush


Claude R. Eatherly


Major Claude Eatherly, pilot at Hiroshima, Galveston, Texas, April 3, 1963.

“We got your message on the radio Conditions normal and you´re coming home Enola Gay Is mother proud of little boy today?” OMD (1980) Para Koichi Shibata, algures em Marrocos.

No dia 6 de Agosto de 1945, à 01:45 da madrugada, Eatherly descolava da base das Ilhas Marianas, ao comando do avião B-29 Straight Flush, com a missão denominada “Hiroshima A Bomb Mission”, cujo objetivo era avaliar as condições atmosféricas sobre a cidade de Hiroshima.
O céu de Hiroshima tinha boas condições de visibilidade. O "Go ahead!" de Eatherly foi o sinal combinado para que outro avião bem mais famoso, o Enola Gay, baptizado assim em homena­gem à mãe do seu coronel Tibbets, se dirigisse a Hiroshima com o objetivo de lançar a sua bomba Little Boy sobre os céus da cidade japonesa. Isto aconteceu às 8:15, hora local.

Hiroshima 2008



Dizem que ainda hoje pode-se encontrar ossos ou fragmentos de objetos nessas águas.

Mapa

Maquete de Hiroshima - Depois


Foto: Gustavo

Maquete de Hiroshima - Antes


Foto: Gustavo

Sakura


Essa linda cerejeira é sobrevivente da bomba, recebe tratamento especial, ataduras e muletas. Gustavo e eu acordamos de madrugada, ninguem do grupo quis levantar cedo, estava um gelo, mas valeu a pena. Como no dito popular: "Deus ajuda a quem cedo madruga", fomos agraciados como os únicos do grupo a ver uma sakura em flor. O que é raro nessa época.

Hiroshima, mon amour!

Foto: Gustavo

sábado, 18 de julho de 2009

A bomba atômica lançada em Hiroshima


A bomba atômica utiliza energia liberada pela fusão de urânio e plutônio para gerar muito mais poder destrutivo do que qualquer explosivo convencional. Além disso, os raios gama, os raios de nêutron e outra radiação emitida pela explosão causam sérios danos físicos por um período de muitas décadas.
A bomba lançada em Hiroshima tinha aproximadamente três metros de comprimento e pesava quatro toneladas. O formato final da bomba era menor do que o estilo original, esta foi apelidada de "Garotinho". A bomba estava carregada com 50 quilogramas de urânio 235, mas a fissão instantânea de menos de 1 quilograma liberou energia equivalente a 16.000 toneladas de explosivos de alta potência.
Aproximadamente 50% daquela energia foi liberada sob a forma de explosão (onda de choque), 35% sob a forma de raios de calor e 15% sob forma de radiação. A interação complexa destes três, causam danos enormes. Os intensos raios de calor destruiram e queimou quase todos os prédios num raio de 2km do hipocentro. Até o final de dezembro de 1945, quando os efeitos mais agudos da radiação tinham diminuído, a bomba havia eliminado aproximadamente 140.000 vidas preciosas.

Fotos do museu







Sombra da Pessoa na Pedra


A 260m do hepicentro. A pedra destes degraus foi branqueada pelos raios de calor exceto onde uma pessoa estava sentada. Esta parte continua escura, como uma sombra.

Sobre o Museu

Em 6 de agosto de 1945, as 8:15 da manhã, a cidade de Hiroshima foi vítima da primeira bomba atômica do mundo. A cidade inteira foi virtualmente destruída e milhares de vidas foram perdidas.
Muitos dos que conseguiram sobreviver sofreram e ainda sofrem danos físicos e psicológicos irreparáveis e ainda hoje sofrem seus efeitos.
O Museu Comemorativo da Paz de Hiroshima coleta e expõe pertences deixados pelas vítimas, fotos e outros materiais que conotam o horror daquele evento. Além de apresentar exibições que descrevem Hiroshima antes e depois do bombardeio e outros que apresentam a condição atual da era nuclear.
Cada um dos itens expostos personifica o sofrimento, a ira e a dor profunda do povo. Hiroshima, recuperada da devastação da bomba atômica, deseja um mundo de paz sem armas nucleares.
Hiroshima, 2008. Foto tirada do Higa Hotel onde estavamos hospedados.

Water

Já sentiu sede?

Esses desenhos, feitos por sobreviventes, narram o que presenciaram:

Yamashita, 20 anos

Sasaki, 20 anos

Ogawa, 28 anos.

Chakihara, 31 anos.

Uesugi, 45 anos.

Yamashita, 20 anos.

Onogi, 15 anos.

Kihara, 17 anos.


Takakura, 19 anos.

Michida, 32 anos.


Yamasaki, 23 anos.

Desenhos dos sobreviventes


Living Hell in this world. Desenho de Nakano de 47 anos.

Tomiko Konishi







Desenhos da bomba atomica feitos pelos sobreviventes


Harada Haruo 10 anos.

Monumento


Foto: Clarice

Patio do Museu Comemorativo da Paz de Hiroshima


Foto: Alex